Poesia de Mário Benedetti.
O Sul também existe
Com seu ritual de aço,
suas grandes chaminés,
seus lábios clandestinos,
seu canto de sereia,
seus céus de neon,
suas vendas natalinas,
seu culto de Deus Pai,
e das dragonas
com suas chaves do reino,
o Norte é quem ordena.
Mas aqui embaixo,
embaixo a fome disponível,
recorre ao fruto amargo
do que outros decidem
enquanto o tempo passa
e passam os desfiles
E se fazem outras coisas
que o Norte proíbe.
Com sua esperança dura
o Sul também existe.
Com seus predicadores,
seus gases que envenenam,
sua escola de Chicago,
seus donos da terra,
com seus trapos de luxo,
e sua pobre ossamenta,
suas defesas gastas,
seus gastos de defesa.
Com sua gesta invasora,
o Norte é que ordena.
Mas aqui embaixo, embaixo
cada um no seu esconderijo,
há homens e mulheres
que sabem a que se suster
aproveitando o sol
e também os eclipses,
afastando o inútil
e usando o que serve.
Com sua fé veterana,
o Sul também existe.
Com seu corno francês,
e sua academia sueca,
seu molho americano
e suas chaves inglesas
com todos seus mísseis
e suas enciclopédias,
suas guerras das galáxias,
e sua sanha opulenta,
com todos seus louros,
o Norte é que ordena.
Mas aqui embaixo, embaixo
perto das raízes
é onde a memória
nenhuma lembrança omite
e há quem ressuscita,
e há quem morre de amores,
e assim entre todos conseguem
o que era impossível,
que todo mundo saiba
que o Sul também existe.
Com seu ritual de aço,
suas grandes chaminés,
seus lábios clandestinos,
seu canto de sereia,
seus céus de neon,
suas vendas natalinas,
seu culto de Deus Pai,
e das dragonas
com suas chaves do reino,
o Norte é quem ordena.
Mas aqui embaixo,
embaixo a fome disponível,
recorre ao fruto amargo
do que outros decidem
enquanto o tempo passa
e passam os desfiles
E se fazem outras coisas
que o Norte proíbe.
Com sua esperança dura
o Sul também existe.
Com seus predicadores,
seus gases que envenenam,
sua escola de Chicago,
seus donos da terra,
com seus trapos de luxo,
e sua pobre ossamenta,
suas defesas gastas,
seus gastos de defesa.
Com sua gesta invasora,
o Norte é que ordena.
Mas aqui embaixo, embaixo
cada um no seu esconderijo,
há homens e mulheres
que sabem a que se suster
aproveitando o sol
e também os eclipses,
afastando o inútil
e usando o que serve.
Com sua fé veterana,
o Sul também existe.
Com seu corno francês,
e sua academia sueca,
seu molho americano
e suas chaves inglesas
com todos seus mísseis
e suas enciclopédias,
suas guerras das galáxias,
e sua sanha opulenta,
com todos seus louros,
o Norte é que ordena.
Mas aqui embaixo, embaixo
perto das raízes
é onde a memória
nenhuma lembrança omite
e há quem ressuscita,
e há quem morre de amores,
e assim entre todos conseguem
o que era impossível,
que todo mundo saiba
que o Sul também existe.
Essa foto me impressionou muito pela força das cores e do olhar. Adoro olhares...e adoro mares. Deixo um trecho de um poema de Benedetti pra você:
ResponderEliminar"[...] el mar escucha como un sordo
es insensible como un dios
y sobrevive a los sobrevivientes
nunca sabré que espero de él
ni que conjuro deja en mis tobillos
pero cuando estos ojos se hartan de baldosas
y esperan entre el llano y las colinas
o en calles que se cierran en más calles
entonces sí me siento náufrago y sólo el mar puede salvarme". (El silencio del mar - Benedetti)
Beijo grande!
adoro Benedetti, Romyna!!!
ResponderEliminarvou te deixar uma dele de presente:
Viceversa
Tenho medo de te ver
necessidade de te ver
esperança de te ver
desassossego de te ver
Tenho vontade de te achar
preocupaçao de te achar
certeza de te achar
pobres dúvidas de te achar.
Tenho urgência de te ouvir
boa sorte de te ouvir
e temores de te ouvir.
Ou seja,
resumindo
estou fodido
e radiante
talvez mais o primeiro
que o segundo
e também
vice-versa.