15 abr 2009

Dos canciones / duas canções

Elegí estas dos canciones porque cuando escucho una de ellas recuerdo inmediatamente la otra...
Escolhi estas duas canções porque quando escuto uma delas, lembro imediatamente da outra...


Eu te amo

Chico Buarque y Tom Jobim




Yo te amo


Ah, si ya perdimos noción de la hora
Si juntos ya desechamos todo
Cuéntame ahora cómo he de partir

Ah, si al conocerte
Empecé a soñar, desvarié
Rompí con el mundo, quemé mis naves
Dime donde puedo ir aún.

Si nosotros, en las travesuras de noches eternas
Ya confundimos tanto nuestras piernas
Dime con qué piernas debo yo seguir.

Si esparciste nuestra suerte por el suelo
Si en el lío de tu corazón
Mi sangre se equivocó de vena y se perdió

Cómo, si en el desorden del armario
Mi saco abraza tu vestido
Y mis zapatos aún pisan los tuyos.

Cómo, si nos amamos como dos paganos
Tus senos aún están en mis manos
Explícame con qué cara voy a salir.

No, yo creo que te haces de sonsa
Te di mis ojos para que los guardaras
Cuéntame ahora como he de partir.




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Inventario

Joaquin Sabina



Inventario

As coisas que dizes quando calas,
Os pássaros que aninham em tuas mãos,
O espaço do teu corpo entre os lençóis,
O tempo que passamos nos insultando,
O medo à velhice, aos calendários
Os táxis que corriam aterrorizados,
A dignidade perdida em qualquer parte,
O violinista louco, os abrigos,
As luas que beijei eu em teus olhos,
O denso cheiro de esperma desbordado,
A história que caçoa de nós,
A tanga que esqueceste no armário,
O espaço que ocupas em minha alma,
A boneca salvada do incêndio,
A loucura espreitando de tocaia,
A batalha diária entre dois corpos,
Meu quarto com seu pôster de touros,
O pranto das esquinas do esquecimento,
As cinzas que restam, os despojos,
O filho que jamais tivemos,
O tempo da dor, os buracos
O gato que miava no telhado,
O passado latindo como um cão,
O exílio, o desamparo, os discursos,
Os papéis que nunca nos uniram,
A redenção que busco entre tuas coxas,
O nome na capa de um caderno,
Teu modo de agasalhar meu coração,
A cela que ocupaste em meu cárcere,
Meu barco à deriva, minha canção,
O grito do vento entre as árvores,
O silêncio com que te armas como um muro,
Tantas coisas belas que morreram
O tirânico império do absurdo,
Os escuros porões do desejo,
O pai que morreu quando eras menina,
O beijo que apodrece em nossos lábios,
A cal das paredes, a desídia,
A praia que habitavam os vermes,
O naufrágio de tantas certezas,
O desabamento de deuses e de mitos,
A escuridão em torno como um túnel
A cama navegando no vácuo,
O desmoronamento da casa
O sexo nos resgatando do tédio
O grito quebrado, a madrugada,
O amor como um rito em torno ao fogo,
A insônia, a felicidade, os cigarros,
A árdua aprendizagem do respeito
As feridas que já nem Deus nos alivia,
A merda que arrastamos sem remédio,
Tudo o que nos deram e tiraram,
Os anos transcorridos tão depressa,
O pão que compartimos, as carícias,
O peso que levamos nas mãos.



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