5 abr 2009

A Salvador Allende En Su Combate Por La Vida

Pablo Milanés





A Salvador Allende em seu Combate pela Vida.



Que solidão tão solitaria te inundava
No momento em que teus pessoais
amigos da vida e da morte,
te rodeavam.

Que maneira de levantar-se num abraço
O ódio, a traição, a morte, a lama;
O que constituiu teu pensamento
Morreu tudo.

Que vida queimada,
Que esperança morta,
Que volta ao nada,
Que fim.

Um céu partido, uma estrela quebrada,
Rodavam dentro de ti.
Chegou esse momento, não há mais nada
Te viste a ti mesmo empunhando um fusil.

Voava
Longe teu pensamento,
Justo em direção ao tempo
De mensagens, de lealdades, de fazer.

Restava,
dar tudo ao exemplo,
e em pouco tempo
uma nova estrela armada
Fazer.

Que maneira de ficar tão gravada
tua figura ordenando nascer,
os que te viram ouviram dizer
já não te esquecem.

Lindaste com Dois rios e Ayacucho,
Como um libertador em Chacabuco,
Os Andes que te viram crescer
Te simbolizam.

Partias o ar, saltavam as pedras,
Surgias perfeito dali.
Jamais um pensamento de pluma e palavra
tornando-se tão forte adail.
cessou por um momento a existência,
morrias começando a viver.

Voava,
Longe teu pensamento,
Justo em direção ao tempo
De mensagens, de lealdades, de fazer.

Restava,
Dar tudo ao exemplo,
E em pouco tempo
Uma nova estrela armada
Fazer.


Queria deixar, junto com esta canção, a tradução das últimas palavras de Salvador Allende...
“Pagarei com minha vida a defesa de princípios que são caros a esta pátria. Cairá uma ofensa sobre aqueles que vulneraram seus compromissos, faltaram à sua palavra, romperam a doutrina das Forças Armadas.
O povo deve estar alerta e vigilante. Não deve se deixar provocar, nem massacrar, mas também deve defender suas conquistas. Deve defender o direito a construir com seu esforço uma vida digna e melhor.
Uma palavra para aqueles que, chamando-se democratas, têm estado instigando esta sublevação, para aqueles que, se chamando representantes do povo, têm estado turva e desajeitadamente atuando para fazer possível este passo que coloca o Chile no despenhadeiro.
Em nome dos mais sagrados interesses do povo, em nome da pátria, eu chamo o povo para lhes dizer que tenham fé. A história não se detém nem com a repressão nem com o crime. Esta é uma etapa que será superada, é um momento duro e difícil. É possível que nos esmaguem, mas o amanhã será do povo, será dos trabalhadores. A humanidade avança para a conquista de uma vida melhor.
Compatriotas: é possível que silenciem os rádios, e me despeço de vocês. Nestes momentos passam os aviões. É possível que nos crivem. Mas que saibam que aqui estamos, pelo menos com este exemplo, para indicar que neste país há homens que sabem cumprir com as obrigações que têm. Eu o farei por mandado do povo e pela vontade consciente de um presidente que tem a dignidade do cargo...
Talvez seja esta a última oportunidade em que possa me dirigir a vocês. A Força Aérea já bombardeou as torres da Radio Portales e Radio Corporación. Minhas palavras não têm amargura, mas sim decepção, e serão elas o castigo moral para os que traíram o juramento que fizeram.

(...)

Ante estes fatos, só me cabe dizer aos trabalhadores: eu não vou renunciar. Colocado em uma etapa histórica, pagarei com minha vida a lealdade do povo. E lhes digo, que tenho a certeza de que a semente que entregamos à consciência digna de milhares e milhares de chilenos, não poderá ser ceifada definitivamente. Vocês têm a força, poderão nos avassalar, mas não se detém os processos sociais nem com o crime nem com a força. A história é nossa e é feita pelos povos.
Trabalhadores da minha pátria: quero lhes agradecer a lealdade que sempre tiveram, a confiança que depositaram num homem que só foi intérprete de grandes anelos de justiça, que empenhou sua palavra em que respeitaria a Constituição e a lei e assim fez. É este o momento definitivo, o último em que eu possa me dirigir a vocês, espero que aproveitem a lição. O capital forasteiro, o imperialismo, unido à reação, criou o clima para que as Forças Armadas rompessem a sua tradição: a que foi assinalada por Schneider e que reafirma o comandante Araya, vítima do mesmo setor social que hoje estará em suas casas esperando com mão alheia conquistar o poder para seguir defendendo suas pilantragens e privilégios.

(...)

Certamente, Radio Magallanes será calada e o metal tranqüilo de minha voz não chegará a vocês: Não importa, continuarão me ouvindo. Sempre estarei junto a vocês, pelo menos minha lembrança será a de um homem digno que foi leal à pátria. O povo deve se defender, mas não se sacrificar. O povo não deve se deixar arrasar ou crivar, mas também não pode se humilhar.
Trabalhadores da minha pátria: tenho fé no Chile e seu destino. Superarão outros homens o momento cinza e amargo, onde a traição pretende se impor. Continuem vocês sabendo que muito mais cedo que tarde, se abrirão as grandes avenidas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.

Viva o Chile, viva o povo, vivam os trabalhadores!

Estas são minhas últimas palavras, tendo a certeza de que o sacrifício não será em vão. Tenho a certeza de que, pelo menos, haverá uma sanção moral que castigará a felonia, a covardia e a traição.”

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