15 may 2009

Sobreviviendo

Sobrevivendo
(Victor Heredia)

Perguntaram-me como vivia, me perguntaram;
Sobrevivendo, eu disse, sobrevivendo
Tenho um poema escrito mais de mil vezes
Nele repito sempre que enquanto alguém
Proponha morte sobre esta terra
E se fabriquem armas para a guerra
Eu pisarei estes campos sobrevivendo
Todos frente ao perigo sobrevivendo
Tristes e errantes homens sobrevivendo
Sobrevivendo… sobrevivendo…
Há tempo que não rio como faz tempo
E isso que antes eu ria como um pintassilgo
Tenho certa memória que me machuca
E não posso esquecer-me de Hiroshima
Quanta tragédia sobre esta terra
Hoje eu quero rir e quase não posso
Já não tenho o riso de um pintassilgo
Nem a paz dos pinheiros do mês de janeiro
Ando por este mundo sobrevivendo
Sobrevivendo... sobrevivendo
Já nao quero ser apenas um sobrevivente
Quero escolher o dia para minha morte
Tenho a carne jovem, vermelho o sangue
A dentadura boa e meu esperma urgente,
Quero a vida da minha semente
Não quero ver um dia manifestando
Pela paz no mundo aos animais
Como eu riria nesse louco dia
Eles se manifestando pela vida...
E nós apenas sobrevivendo...
Sobrevivendo... sobrevivendo…

El Sobreviviente
(Carlos Drummond de Andrade)

Imposible componer um poema a esta altura de la evolución de la humanidad.
Imposible escribir un poema – siquiera una línea – de verdadera poesía.
El último trovador murió en 1914.
Tenía un nombre del que nadie se acuerda más.

Hay máquinas terriblemente complicadas para las necesidades más simples.
Si quieres fumar un habano, aprieta un botón.
Trajes se abrochan con electricidad.
Amor se hace por celular.
No se necesita estómago para la digestión.

Un sabio declaró al “O Jornal” que aún falta
Mucho para alcanzar un nivel razonable de
Cultura. Pero para entonces, infelizmente, estaré muerto.

Los hombres no mejoran
Y se matan como insectos.
Los insectos heroicos renacen.
Inhabitable, el mundo es cada vez más habitado.
Y si los ojos aprendieran a llorar, sería un segundo dilúvio.

(Tengo la impresión de que escribí un poema)






2 comentarios:

  1. "Já não tenho o riso de um pintassilgo
    Nem a paz dos pinheiros do mês de janeiro."
    Gostei muito do poema, especialmente desse trecho.

    ResponderEliminar
  2. essa música é muito intensa. Entrega mesmo uma sensaçao de que a nossa vida nao depende só de nós, que somos sobreviventes do mundo de hoje

    ResponderEliminar

Comente aqui..