Violetas para Violeta
(Joaquín Sabina - Violeta Parra)
Esta música foi escrita em homenagem a Violeta Parra, compositora e cantora chilena. Joaquin Sabina fez, para isso nova letra para a música “A Carta” desta autora.
Violetas para Violeta
A página de acontecimentos
Do “Mercurio” e “La Estafeta”(1),
Entre dietas para obesos,
Presos e falsos profetas,
Confirmava que sem beijos
Murcham as violetas
Sim.
Maldigo o céu
Que nos expropriou seu cantar,
Suas décimas, seu lenço,
Seu “quinchimalí”(2), seu pranto,
Viola de “chicha”(3) e grapefruit,
Panelas do espanto
Sim.
Tenha-se visto insolência,
Cinismo e aleivosia,
Contaminam a decência
Seqüestram a fantasia,
Quando clama a inocência
Chamam a polícia.
Sim
Violeta Parra disse isso,
A irmã de Nicanor,
Por sorte tenho violão
E sem me gabar de voz,
Se me convidarem a uma farra
Contem com meu coração
Sim.
Voaram desde Chicago
Uns gringos com gravata
E numa suíte de Santiago,
Sem pisar Chuquicamata(4),
Defecaram na minha terra
Sobravam as serenatas
Sim.
Mais sozinha do que uma mala
esquecida na Grande Avenida
Desde que Violeta foi embora
Enlutando a poesia,
Maltratam os poetas,
As faltas de ortografia
Sim.
À “cuequita”(5) do meu Chile,
Os peritos de ‘Guashingtón’,
Murcham com fuzis
Que crivam a razão,
Admirados sejam os desfiles
E o Cristo que os pariu
Sim.
Os pobres não somos ricos
Nem o cobre é mais do que barro,
A liberdade fecha o bico
Desde que existe o toque de queda,
Perguntem aos milicos
O que fizeram em La Moneda
Sim
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(1) "Mercurio" é um dos principais jornais chilenos. "La Estafeta (del viento)" era uma revista de poesias.
(2) Quinchimalí: localidade rural próxima a Chillán, no sul do Chile, conhecida pela cerâmica de argila preta pintada com desenhos brancos. Também é o nome de uma música chilena.
(3) Chicha: bebida alcoólica chilena derivada da fermentaçao de milho e outros cereais.
(4) Chuquicamata: é o nome de uma mina de cobre a céu aberto considerada uma das maiores do mundo.
(5) "cueca": é a música e dança oficial do Chile.
"La Carta"
Violeta Parra
A Carta
Mandaram-me uma carta
Pelo correio hoje cedo,
Nesta carta me dizem
Que caiu preso meu irmão,
E sem compaixão, com grilhões,
Pela rua o arrastaram,
Sim.
A carta diz o motivo
De ter sido preso Roberto:
Ter apoiado a greve
Que já tinha sido resolvida.
Se por acaso esse é motivo
Presa vou eu também, sargento.
Sim.
Eu, que me encontro tão longe,
Esperando uma notícia,
Vem me dizer a carta
Que na minha pátria não há justiça,
Os esfomeados pedem pão,
Chumbo lhes dá a milícia,
Sim.
Desta forma pomposa
Querem conservar seu lugar
Os de leque e de frac,
Sem ter merecimento,
Vão e vêm da igreja
E esquecem-se dos mandamentos,
Sim.
Tenha-se visto insolência,
Barbárie e alevoisia,
De apresentar o trabuco
E matar a sangue frio
Quem defesa não tem
Com as duas mãos vazias,
Sim.
A carta que recebi
Pede uma resposta,
Eu peço que se divulgue
Por toda a população,
Que o ‘leão’ é um sanguinário
Em toda a geração,
Sim.
Por sorte tenho um violao
Para chorar minha dor,
Também tenho nove irmãos
Fora o que agrilhoaram
Os nove são comunistas
Com o favor do meu Deus,
Sim.
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