Blog para espontaneidades, façanhas, pensamientos, reflexiones, frases, bom humor y qualquer cosa em espanhol y portugués.
Empezando por as músicas que comovem...
O nascimento de um mundo se adiou por um momento
Um breve lapso do tempo, do universo um segundo.
No entanto parecia que tudo ia acabar
Com a distância mortal que separou nossas vidas.
Realizaram a tarefa de desunir nossas mãos
E a pesar de ser irmãos, nos olhamos com temor
Quando passaram os anos, se amontoaram rancores
Esqueceram-se os amores, parecíamos estranhos.
Que distância tão sofrida, que mundo tão separado
Jamais teria encontrado sem entregar novas vidas.
Escravo por uma parte, servil criado por outra
É o primeiro que nota o último em se livrar
Explodindo esta missão de vê-lo tudo tão claro
Um dia viu-se liberal por esta revolução.
Isto não foi um bom exemplo para outros por libertar,
A nova tarefa foi isolar bloqueando toda experiência.
O que brilha com luz própria ninguém pode apagar,
Seu brilho pode alcançar a escuridão de outras costas.
O quê pagará este pesar do tempo que se perdeu,
Das vidas que custou e das que pode custar.
Será pago pela unidade dos povos em questão,
E ao que negue esta razão a história condenará.
A história leva seu carro e a muitos nos montará,
Por cima passará daquele que queira negá-lo
Bolívar lançou uma estrela que junto a Martí brilhou,
Fidel a dignificou para andar por estas terras.
Não me chames estrangeiro, porque nasci longe, Ou porque tenha outro nome a terra de onde venho Não me chames estrangeiro, porque foi diferente o seio Ou porque ninou minha infância outro idioma de contos-de-fada Não me chames estrangeiro se no amor de uma mãe Tivemos a mesma luz no canto e no beijo, Com que nos sonham iguais as mães junto ao seu peito.
Não me chames de estrangeiro, nem penses de onde eu venho Melhor sabermos aonde vamos, onde nos leva o tempo, Não me chames de estrangeiro, porque teu pão e teu fogo Acalmam minha fome e frio, e me cobre teu teto, Não me chames de estrangeiro, teu trigo é como meu trigo Tua mão é como a minha, teu fogo como meu fogo, E a fome não avisa nunca, vive mudando de dono. E me chamas estrangeiro porque me trouxe um caminho, Porque nasci em outro povo, porque conheço outros mares, E zarpei um dia de outro porto, se sempre ficam iguais No adeus os lenços, as pupilas nubladas dos que deixamos Longe, os amigos que nos lembram e são iguais os beijos E o amor da que sonha com o dia do retorno.
Não me chames estrangeiro, trazemos o mesmo grito E o mesmo cansaço velho que vem arrastando o homem Desde o principio dos tempos, quando não existiam fronteiras, Antes de que viessem eles, os que dividem e matam, Os que roubam, os que mentem, os que vendem nossos sonhos, Os que inventaram um dia, essa palavra: estrangeiro.
Não me chames de estrangeiro, que é uma palavra triste, Que é uma palavra gelada e cheira a esquecimento e desterro, Não me chames estrangeiro olha teu filho e o meu Como correm de mãos dadas até o final do caminho, Não me chames de estrangeiro, eles não sabem de idiomas De limites nem bandeira; olhe-os, vão ao céu Por um riso pássaro que os reúne em vôo.
Não me chames estrangeiro pensa em teu irmão e no meu O corpo cheio de balas, beijando a morte no chão, Eles não eram estrangeiros, conheciam-se de sempre Pela liberdade eterna e igual de livres morreram Não me chames de estrangeiro, olhe bem nos meus olhos, Muito além do ódio, do egoísmo e do medo, E verás que sou um homem, não posso ser estrangeiro.
Edu Lobo/ Chico Buarque de Hollanda Intérprete Maria Bethânia
La muchacha del sueño
De repente me encantó La muchacha contra la luz Me arriesgué a preguntar: quien eres? Pero se me cortó la voz Sin maña le tomaba las manos Como quien desataba un nudo Soplé su rostro sin pensar Y el rostro se deshizo en polvo.
Debe haber algún lugar Un confuso caserón Donde los sueños serán reales Y la vida no. Por ahí reinaría mi amor Con sus risas, sus quejidos, su tez Y una cama donde a la noche Soñara conmigo Tal vez
Por encantamiento volvió Cantando a media voz Súbito pregunté: quien eres tú? Pero la luz osciló Huía despacio de mí Y cuando la sostuve, gimió Su vestido se partió Su rostro ya no era el suyo.
Un lugar debe existir Una especie de bazar Donde los sueños extraviados Van a llegar Entre escaleras que huyen de los pies Y relojes que caminan hacia atrás Si yo pudiera encontrar a mi amor No volvería Jamás.
Esta é uma banda de origem mexicana, de Guadalajara, que se reuniram, em sua origem para tocar música de grupos de que eles gostavam como Beatles e Led Zepelin. A meados dos 80 começou, no México, um movimento chamado "Rock em seu idioma" com o objetivo de desenvolver músicas em espanhol. Entre as bandas que aderiram ao movimento, Maná se popularizou e alcançou fama internacional. Preocupados com a ecologia, criaram a Fundaçao Selva Negra.
Esta música já foi dedicada ao maridao em uma ocasiao... vem a calhar pela representatividade na nossa forma de nos conhecermos e na maneira em que nos apaixonamos...
Bendita a tua luz
Bendito o lugar, e o motivo de estar aí
Bendita a coincidência
Bendito o relógio, que nos pôs pontual aqui
Bendita seja tua presença.
Bendito Deus por nos encontrar no caminho
E de acabar com a solidão do meu destino
Bendita a luz
Bendita a luz do teu olhar
Bendita a luz
Bendita a luz do teu olhar
Desde a alma.
Benditos olhos que me esquivavam,
Simulavam desdém, que me ignoravam,
E de repente sustentas o olhar.
Bendito Deus por nos encontrar no caminho
E de me tirar esta solidão do meu destino
Bendita a luz
Bendita a luz do teu olhar
Bendita a luz
Bendita a luz do teu olhar
Glória divina,
Esta espécie de acerto.
De eu estar justo aí
No meio do caminho
Glória aos céus
Encontrar-te agora
Acabar com minha solidão
E coincidir no meu destino.
No mesmo destino.
Bendita a luz
Bendita a luz do teu olhar
Bendita a luz
Bendita a luz do teu olhar
Bendito olhar, ohh
Bendito olhar desde a alma
Teu olhar, oh oh, bendito, bendito
Bendito olhar, bendita tua alma e bendita tua luz.
Teu olhar, oh oh
Oh, oh, eu digo que é tão bendita a tua luz amor, amor
Bendito o relógio e bendito o lugar
Benditos teus beijos pertinho do mar
Teu olhar, oh oh
Amor amor
Que bendito teu olhar,
Teu olhar amor
Carlos Vives é um músico colombiano que combina o vallenato em fusão com rock, pop e outros rimos étnicos do caribe colombiano. O Vallenato é um ritmo que se interpreta tradicionalmente com três instrumentos: acordeão dialtônico, a guacharaca (espécie de reco-reco) e a caixa.
Deixe-me Entrar
Deixe-me entrar no seu olhar Quero chegar até sua alma Deixe-me ficar entre seus beijos Saber o que trazes por dentro
Dexe-me entrar em seu silêncio Deixe-me ver em suas lembranças Para saber se é você A menina que trago nos sonhos
Cabelos que cheiram a erva A que leva terra em seus dedos A que deixa marcas no chão A que goza parindo um sonho
Que perfuma as madrugadas Com o aroma do seu corpo E dá bom dia ao sol No calor dos seus beijos
Deixe-me entrar no seu olhar
Ser sua partida e sua chegada Quero nascer desde tua calma Deixe-me ser seus pensamentos Saber o que levas por dentro
Deixe-me entrar em seu olhar Deixe-me entrar pela janela Deixe-me entrar em seu olhar Pela janela do seu coração Deixe-me entrar no seu olhar Deixe-me ver-te pelas manhãs Deixe-me entrar no seu olhar Quando já nos esquenta o sol.
Quando contigo me encontro Meu pensamento se embaraça E se detém minha respiração Isto eu nunca esperei Faz tempo que não acontecia Para você vai minha canção.
Deixe-me entrar no seu olhar Deixe-me entrar no seu olhar Deixe-me ver que não há regresso Deixe-me entrar no seu olhar Deixe-me entrar até seus beijos Deixe-me entrar no seu olhar Deixe-me ver em suas lembranças Deixe-me entrar no seu olhar Quero nascer do seu silêncio Deixe-me entrar no seu olhar E percorrer todo seu corpo Deixe-me entrar no seu olhar Para morrer entre teus beijos Deixe-me entrar no seu olhar
Recordando la música de Serrat "Niño Silvestre" que traduje antes al portugués...
Atorrante
En el semáforo en rojo Él vende chicles Se esmera limpiando autos Y se llama Pelé Pinta en la ventana Batalla por el cambio Apunta la navaja Y hasta ahí.
Dobla por Carioca, oleré Baja por Frei Caneca olara Se va hacia Tijuca Sube al Borel Medio que se esconde Actúa con los narco Consigue marihuana Y un papel Sueña con una mina oleré Tabla de surf, parafina, olara Duerme sintiéndose buena gente Y despierta loco.
Anda por las zanjas Cobra una pavada Y tiene piernas torcidas Y se llama Mané Fuerza una puerta Hace contacto directo Mete la primera Y hasta ahí va
Dobla por Carioca, oleré Baja por Frei Caneca olara Se va hacia Tijuca Em contramano. Se afloja el guardabarro Revienta el paragolpes Y ahora él se llama Emerson Sube en el paseo, oleré Pasa por Recreo, olará No se importa con el freno O la dirección
En el semáforo en rojo Él vende chicles Y se llama atorrante Y pinta en la ventana Se esmera con la gamuza Consigue una beretta Trabaja la alcantarilla Y tiene piernas torcidas…
Una amiga me hizo ver que esta bien podría ser la conclusión de la historia de la pareja del Tratado de Impaciencia Nº 10 de Sabina... Me gustaría pensar que sí...
Vals
Un día, él llegó tan diferente de su manera de siempre llegar La miró de un modo mucho más cálido que lo que siempre solía mirar Y no maldijo la vida tanto como era su modo de siempre de hablar Ni la dejó en un rincón, para su gran espanto, la invitó a rodar. Y ella entonces se puso bonita, como hace mucho no quería osar Con su vestido escotado con olor a guardado de tanto esperar Después se dieron los brazos como hace mucho no se usaba dar Y llenos de ternura y gracia, fueron a la plaza y comenzaron a abrazarse Y allí bailaron tanto que toda la vecindad despertó Y fue tanta felicidad que la ciudad entera se iluminó Y fueron tantos besos locos, tantos gritos roncos como no se oía más Que el mundo comprendió Y el día amaneció En paz.
Sinto que me provocas, embora não pretendas fazê-lo, Está gravado em sua boca, um acalorado desejo. E eu quase posso te tocar como uma fruta madura. Pressinto que te amarei, para além da loucura.
Eu vou comer-te o coração a beijos, ao viajar sem limites no teu corpo, e as nossas roupas no chão, suaves, gota a gota, vou te embriagar de paixão. Eu vou comer-te o coração a beijos, ao viajar sem limites no teu corpo, vou deixar por teus lugares, pássaros e flores, como uma semente da paixão.
Agora você solta o seu cabelo e, assim descalça caminhas, vou morder a isca, pois quero o que imaginas. Quando cai teu vestido, como uma flor no chão, não há nada proibido, entre a terra e o céu.
Eu vou comer-te o coração a beijos, ao viajar sem limites no teu corpo, e as nossas roupas no chão, suaves, gota a gota, vou te embriagar de paixão. Eu vou comer-te o coração a beijos, ao viajar sem limites no teu corpo, vou deixar por teus lugares, pássaros e flores, como uma semente da paixão.
Elegí estas dos canciones porque cuando escucho una de ellas recuerdo inmediatamente la otra... Escolhi estas duas canções porque quando escuto uma delas, lembro imediatamente da outra...
Eu te amo
Chico Buarque y Tom Jobim
Yo te amo
Ah, si ya perdimos noción de la hora Si juntos ya desechamos todo Cuéntame ahora cómo he de partir
Ah, si al conocerte Empecé a soñar, desvarié Rompí con el mundo, quemé mis naves Dime donde puedo ir aún.
Si nosotros, en las travesuras de noches eternas Ya confundimos tanto nuestras piernas Dime con qué piernas debo yo seguir.
Si esparciste nuestra suerte por el suelo Si en el lío de tu corazón Mi sangre se equivocó de vena y se perdió
Cómo, si en el desorden del armario Mi saco abraza tu vestido Y mis zapatos aún pisan los tuyos.
Cómo, si nos amamos como dos paganos Tus senos aún están en mis manos Explícame con qué cara voy a salir.
No, yo creo que te haces de sonsa Te di mis ojos para que los guardaras Cuéntame ahora como he de partir.
As coisas que dizes quando calas, Os pássaros que aninham em tuas mãos, O espaço do teu corpo entre os lençóis, O tempo que passamos nos insultando, O medo à velhice, aos calendários Os táxis que corriam aterrorizados, A dignidade perdida em qualquer parte, O violinista louco, os abrigos, As luas que beijei eu em teus olhos, O denso cheiro de esperma desbordado, A história que caçoa de nós, A tanga que esqueceste no armário, O espaço que ocupas em minha alma, A boneca salvada do incêndio, A loucura espreitando de tocaia, A batalha diária entre dois corpos, Meu quarto com seu pôster de touros, O pranto das esquinas do esquecimento, As cinzas que restam, os despojos, O filho que jamais tivemos, O tempo da dor, os buracos O gato que miava no telhado, O passado latindo como um cão, O exílio, o desamparo, os discursos, Os papéis que nunca nos uniram, A redenção que busco entre tuas coxas, O nome na capa de um caderno, Teu modo de agasalhar meu coração, A cela que ocupaste em meu cárcere, Meu barco à deriva, minha canção, O grito do vento entre as árvores, O silêncio com que te armas como um muro, Tantas coisas belas que morreram O tirânico império do absurdo, Os escuros porões do desejo, O pai que morreu quando eras menina, O beijo que apodrece em nossos lábios, A cal das paredes, a desídia, A praia que habitavam os vermes, O naufrágio de tantas certezas, O desabamento de deuses e de mitos, A escuridão em torno como um túnel A cama navegando no vácuo, O desmoronamento da casa O sexo nos resgatando do tédio O grito quebrado, a madrugada, O amor como um rito em torno ao fogo, A insônia, a felicidade, os cigarros, A árdua aprendizagem do respeito As feridas que já nem Deus nos alivia, A merda que arrastamos sem remédio, Tudo o que nos deram e tiraram, Os anos transcorridos tão depressa, O pão que compartimos, as carícias, O peso que levamos nas mãos.
Voy a dejarte la cinta del Bonfin No me sirvió Pero sí me quedo con el disco de Pixinguinha El resto es tuyo
Haciendo las cuentas Puedes guardar Las sobras de todo lo que se dice hogar La sombra de todo lo que fuimos nosotros Las marcas de amor en nuestras sábanas Y nuestros mejores recuerdos
Aquella esperanza de que todo se arreglará Puedes olvidar Aquella alianza puedes empeñarla O derretirla Pero debo decir que no voy a darte El enorme placer de verme llorar No voy a cobrarte por los daños Mi pecho tan lacerado
Es más, acepta una ayuda de tu futuro amor Para el alquiler Devuelve el Neruda que me tomaste Y nunca leíste
Golpeo el portón sin hacer alarde Me llevo mi cédula de identidad Una última cerveza, mucha nostalgia Y la leve impresión de que ya voy tarde.
La cinta original fue creada en 1809, desapareciendo al inicio de la década de 1950. Conocida como medida del Bonfim, su nombre se debía al hecho de que mide exactamente 47 centímetros de largo, medida esta que es idéntica al brazo derecho de la Estatua de Jesús Cristo, Senhor do Bonfim, situada en el altar mayor de la iglesia más famosa de Bahia.
Se venden en diversos colores, que poseen connotaciones religiosas. Cada color representa un orixá. Así el verde oscuro es para Oxossi, celeste para Iemanjá, Amarillo para Oxum, etc.
La superstición manda que se anude en el pulso con tres nudos mientras se hacen tres pedidos y se tiene que dejar la cinta en la muñeca sin sacarla nunca hasta que ésta se rompe para que los deseos se cumplan.
Esta composiçao me foi emprestada por um amigo por encaixar perfeitamente no perfil do blog rsrsrsrs.
"Sempre me interessei pela Poesia Latina, às interpretações musicais, em Espanhol, dependendo do assunto são muito mais aguerridas que o Português. Mas nasci sob o domínio verbal luso, e por adorar as gafes que cometemos, ao nos atrevermos a discursar em castelhano, já escrevi algo sobre uma gafe do Marco Maciel, ex vice-presidente do Fernando Henrique, discursando para representantes do Mercosul, quando soltou um sonoro "Puevos Irmanos". Sem pestanejar,escrevi em sua homenagem o Baiango de Salú e Ramí, cantado parte em Tango e parte em Baião, mas infelizmente não o tenho gravado em cd."
O Baiango de Salú & Ramí
tango- ele canta Salustiane o que sí passa con lostê Sumiendo assi de casa até me aborrecier Cuidado que jo puesso mi zangar Or miesmo sin lostê me acostumar Voltiando a la boemia de mi cais
És su ciúme que ti faz lostê assi Que non se uni a lo amor que habita em mi Elpuevo em viziniança percebió E zuomba: Sú Salú se escondió Perfídias que assiolam su rapaz
baião- ela canta Oh Ramires, seu safado Não se façade coitado Que a Izildinha me contou Que a cumadre Severina Que não faz nem sai de cima Com você se amancebou
Vê se cuida da tua vida Vê se cura essa ferida Que eu já tenho um novo amor Que me dá casa, comida E amizade colorida Sem cobrar nenhum favor
Crônicas do Anjo Cinzento é o primeiro livro de Alejandro Dolina. Os relatos dão vida aos homens que habitam o bairro de Flores, localizado em Buenos Aires, vizinhanças do famoso Anjo que é um ser serviçal, mas de duvidosa eficácia, escassos poderes e ao que todos preferem evitar.O livro possui vários personagens associados em dois grupos principais “Os Homens Sensíveis” e os “Refutadores de Lendas”.Os Homens Sensíveis são “espíritos propensos aos circunlóquios metafísicos”, já os Refutadores de Lendas são os cínicos incrédulos. O texto a seguir é uma das crônicas de que se compoe o livro.
A conspiração das mulheres belas.
Quando Jorge Allen, o poeta, atravessava no caminho de alguma mulher bela, caia no mais profundo desassossego.Esta moça não será para mim – pensava enquanto a via virar para sempre na esquina.É que cada mulher que passa sem se deter é uma história de amor que não se realizará nunca. E já se sabe que os homens de coração sonham com viver todas as vidas.Em ocasiões especiais, Allen usurpava o passo de uma das mais bonitas para dizer alguma coisa:
- Veja: se não me conhecer, a senhorita não poderá ter o luxo de me esquecer...
Mas sempre acontecia a mesma coisa. As moças de Flores não mostravam o menor interesse em esquecer ou recordar o poeta. (...) Uma tarde, envenenado pela fria mirada de uma morena na rua Bacacay, o homem teve uma inspiração: suspeitou que a indiferença das fêmeas mais notáveis não era casual. Adivinhou uma intenção comum em todas elas. E decidiu que tinha que existir uma conjura, uma conspiração. E a chamou de A Conspiração das Mulheres Belas.Allen nunca foi um sujeito de pensamentos ordenados. Mas a sua idéia interessou muitíssimo as pessoas mais reflexivas do bairro de Flores. O primeiro fruto dessas inquietudes foi a memorável conferência no cinema San Martin pronunciada pelo polígrafo Manuel Mandeb.Seu título foi “Das mulheres é melhor não falar”. Vale a pena transcrever alguns parágrafos conservados na duvidosa memória dos supostos assistentes.
“... Ninguém pode negar o poder diabólico da beleza. Trata-se em realidade de uma força muito mais irresistível que a do dinheiro ou da prepotência. Qualquer um pode desprezar quem nos subjuga a través do suborno ou do temor. Mas, pelo contrário, não temos mais remédio que amar quem nos impõe humilhações em virtude do seu encanto. E este é um trágico paradoxo.” (...) Da quarta fila, um grupo de colegiais retrucou a exposição do palestrante, chamando sua atenção acerca do comportamento dos condutores de caminhões. Opinavam as meninas que estes profissionais, mais que requerê-las de amores, pareciam querer insultá-las. (...) E aí surge o tema polêmico. Em que consiste uma cantada? Qual é o seu objetivo e essência?Alguns sustentam tratar-se de um gênero artístico: Um homem vê uma mulher, se inspira e solta frases. Não existe esperança de uma recompensa, basta com a satisfação de haver atendido os duendes interiores. (...) Outra corrente, menos desinteressada, pensa que toda cantada manifesta a intenção de começar um romance. Vale dizer que se espera da dama que o recebe, uma resposta alentadora.Difícil será – por certo – que alguém obtenha um sorriso a troco de uma grosseria. O assunto é empolgante e foi desenvolvido pelo próprio Mandeb, muito depois, em um livro chamado “A objeção das colegiais”, título que despertou um equivocado entusiasmo entre os condutores de caminhões. (...) Os Refutadores de Lendas fizeram ouvir sua voz dias mais tarde. Em uma de suas habituais reuniões, manifestaram que não acreditavam na possibilidade de uma conspiração. O argumento dos racionalistas merece consideração: segundo eles, as mulheres belas se odeiam entre si e é inconcebível qualquer tipo de acordo entre elas.Declararam também que é falso que esta estirpe não dê atenção aos homens: todos os dias vemos mulheres belas acompanhadas de algum senhor.No cúmulo da loucura, os Homens Sensíveis contestaram que aí estava o ponto: o senhor que acompanha as mulheres formosas é sempre outro e isto provoca ainda mais tristeza que quando as vemos sozinhas. Não seria estranho que estas damas e seus acompanhantes não fossem senão íncubos e súcubos que recorrem o mundo para ser dique das almas simples.Ives Castagnino, o músico de Palermo, raciocinava deste modo: se o propósito das mulheres terríveis é fazer sofrer os homens, elas têm duas maneiras de consegui-lo:
1- Não vivendo um romance com eles
2- Vivendo um romance com eles.
Aparentemente, ao músico aterroriza muito mais a segunda alternativa. (...) Houve quem pediu que se esclarecesse os limites da formosura para saber concretamente quem eram as mulheres que alcançavam essa categoria.A questão é árdua, como todo juízo estético. (...) O assunto torna-se ainda mais complexo a causa a ação dos Aumentadores de Barangas, uns cavalheiros que com elogios e falsidades conseguem que certas bruacas acreditem ser rainhas do carnaval.Assim, os homens de coração chegam a padecer a violência de se verem rejeitados por damas que jamais pensaram seduzir. A tarefa dos Aumentadores já foi muito longe, e chegou inclusive a capas de revistas e anúncios publicitários, onde se propõe à admiração das pessoas toda classe de papagaios fantasiados de colombinas.A dizer verdade, jamais alcançaram a reunir provas convincentes sobre a existência da conspiração. Mas continuaram padecendo seus efeitos.Afortunadamente, para os rapazes, houve sempre entre as ditas conjuradas, algumas Traidoras Adoráveis. Naturalmente, toda traição tem seu preço e muitas vezes a exigência era o amor eterno. Os homens de Flores pagavam uma e outra vez esta tarifa.A denúncia de Jorge Allen já foi esquecida no bairro do Anjo Cinzento. Mas mesmo que ninguém converse sobre o assunto, basta com sair à rua para comprovar que as coisas continuam como então. Aí estão as mulheres belas em Flores e na cidade toda, gritando com seus olhares de gelo que não estão no nosso futuro nem no nosso passado. (...) Não há mais remédio que querê-las a pesar de tudo. E mais ainda, tentar que elas nos amem. Esta segunda tarefa é especialmente complicada e pode levar a vida eterna. Consiste, por exemplo, em ser bom, aprender a tocar piano, transformar-se em herói ou santo, estudar ciências, comprar um suéter novo, lavar os dentes, ser considerado e meigo, renunciar aos empregos nacionais.Uma vez feito tudo isso, já pode o homem apaixonado, parar na rua e esperar o passo da primeira mulher bela e dizer bem forte:
- Sofri muito, apenas para conhecer seu nome.
Certamente, ela fingirá não haver escutado, olhará o horizonte e continuará seu caminho. Mas será injusto.
Queria fazer o que fiz ontem, mas introduzindo uma mudança Não metas mudanças, Silario, que o chefe anda por aí. Por que ele é o chefe? Porque vai de cavalo Porque vai de cavalo? Porque não desce dele E porque não desce? Porque ele vale muito E como você sabe que vale muito? Porque está muito claro E por quê está tão claro? Porque ele é o chefe! Isso mesmo foi o que eu perguntei: e por que ele é o chefe?
Eu quero dançar um som e não me deixa Lucia Eu no seu lugar não dançaria, porque Ramón está triste E por que está triste? Porque está doente E por que está doente? Porque está muito magro E por que está tão magro? Porque tem anemia Por que tem anemia? Porque come pouco. Por que come pouco? Porque está muito triste Isso mesmo eu te perguntei. Por que está tão triste?
Queria formar sociedade com o vizinho de baixo Esse não tem trabalho, não te fies Sebastião. Por que não trabalha? Porque não consegue. Por que não consegue? Porque está fichado Por que está fichado? Porque rouba muito. E por que rouba tanto? Porque não trabalha Isso mesmo foi o que eu perguntei: por que não trabalha?
Quero conhecer aquele lá, conversar, dizer olá... Não viu o revólver? Deixa disso Javier. E por que o revólver? Porque ele tem medo E por que tem medo? Porque não confia E por que não confia? Porque não sabe o que acontece E por que não sabe? Porque não lhe falam E por que não lhe falam? Por que tem revólver.
Isso mesmo foi o que eu perguntei:por que o revólver? Isso mesmo foi o que eu perguntei: por que não trabalha? Isso mesmo foi o que eu perguntei: por que está tão triste? Isso mesmo foi o que eu perguntei:por que ele é chefe?
Tomara que as folhas não toquem teu corpo quando caiam Para que não as possas converter em cristal Tomara que a chuva deixe de ser milagre que desce por teu corpo Tomara que a lua possa surgir sem ti Tomara que a terra não te beije os passos.
Tomara que acabe seu olhar constante A palavra precisa, o sorriso perfeito Tomara que aconteça algo que te apague de repente Uma luz ofuscante, um disparo de Nievi Tomara que pelo menos a morte me leve Para não te ver tanto, para não te ver sempre Em todos os segundos, em todas as visões Tomara que eu não possa te tocar nem em canções.. . Tomara que a aurora não dê gritos que caiam pelas minhas costas Tomara que teu nome seja esquecido por esta voz Tomara que as paredes não retenham o ruído de seu caminhar fatigado Tomara que o desejo vá embora atrás de ti Ao teu velho governo de defuntos e flores.
Tomara que acabe seu olhar constante A palavra precisa, o sorriso perfeito Tomara que aconteça algo que te apague de repente Uma luz ofuscante, um disparo de Nievi Tomara que pelo menos a morte me leve Para não te ver tanto, para não te ver sempre Em todos os segundos, em todas as visões Tomara que eu não possa te tocar nem em canções...
Que solidão tão solitaria te inundava
No momento em que teus pessoais
amigos da vida e da morte,
te rodeavam.
Que maneira de levantar-se num abraço
O ódio, a traição, a morte, a lama;
O que constituiu teu pensamento
Morreu tudo.
Que vida queimada,
Que esperança morta,
Que volta ao nada,
Que fim.
Um céu partido, uma estrela quebrada,
Rodavam dentro de ti.
Chegou esse momento, não há mais nada
Te viste a ti mesmo empunhando um fusil.
Voava
Longe teu pensamento,
Justo em direção ao tempo
De mensagens, de lealdades, de fazer.
Restava,
dar tudo ao exemplo,
e em pouco tempo
uma nova estrela armada
Fazer.
Que maneira de ficar tão gravada
tua figura ordenando nascer,
os que te viram ouviram dizer
já não te esquecem.
Lindaste com Dois rios e Ayacucho,
Como um libertador em Chacabuco,
Os Andes que te viram crescer
Te simbolizam.
Partias o ar, saltavam as pedras,
Surgias perfeito dali.
Jamais um pensamento de pluma e palavra
tornando-se tão forte adail.
cessou por um momento a existência,
morrias começando a viver.
Voava,
Longe teu pensamento,
Justo em direção ao tempo
De mensagens, de lealdades, de fazer.
Restava,
Dar tudo ao exemplo,
E em pouco tempo
Uma nova estrela armada
Fazer.
Queria deixar, junto com esta canção, a tradução das últimas palavras de Salvador Allende...
“Pagarei com minha vida a defesa de princípios que são caros a esta pátria. Cairá uma ofensa sobre aqueles que vulneraram seus compromissos, faltaram à sua palavra, romperam a doutrina das Forças Armadas. O povo deve estar alerta e vigilante. Não deve se deixar provocar, nem massacrar, mas também deve defender suas conquistas. Deve defender o direito a construir com seu esforço uma vida digna e melhor. Uma palavra para aqueles que, chamando-se democratas, têm estado instigando esta sublevação, para aqueles que, se chamando representantes do povo, têm estado turva e desajeitadamente atuando para fazer possível este passo que coloca o Chile no despenhadeiro. Em nome dos mais sagrados interesses do povo, em nome da pátria, eu chamo o povo para lhes dizer que tenham fé. A história não se detém nem com a repressão nem com o crime. Esta é uma etapa que será superada, é um momento duro e difícil. É possível que nos esmaguem, mas o amanhã será do povo, será dos trabalhadores. A humanidade avança para a conquista de uma vida melhor. Compatriotas: é possível que silenciem os rádios, e me despeço de vocês. Nestes momentos passam os aviões. É possível que nos crivem. Mas que saibam que aqui estamos, pelo menos com este exemplo, para indicar que neste país há homens que sabem cumprir com as obrigações que têm. Eu o farei por mandado do povo e pela vontade consciente de um presidente que tem a dignidade do cargo... Talvez seja esta a última oportunidade em que possa me dirigir a vocês. A Força Aérea já bombardeou as torres da Radio Portales e Radio Corporación. Minhas palavras não têm amargura, mas sim decepção, e serão elas o castigo moral para os que traíram o juramento que fizeram.
(...)
Ante estes fatos, só me cabe dizer aos trabalhadores: eu não vou renunciar. Colocado em uma etapa histórica, pagarei com minha vida a lealdade do povo. E lhes digo, que tenho a certeza de que a semente que entregamos à consciência digna de milhares e milhares de chilenos, não poderá ser ceifada definitivamente. Vocês têm a força, poderão nos avassalar, mas não se detém os processos sociais nem com o crime nem com a força. A história é nossa e é feita pelos povos. Trabalhadores da minha pátria: quero lhes agradecer a lealdade que sempre tiveram, a confiança que depositaram num homem que só foi intérprete de grandes anelos de justiça, que empenhou sua palavra em que respeitaria a Constituição e a lei e assim fez. É este o momento definitivo, o último em que eu possa me dirigir a vocês, espero que aproveitem a lição. O capital forasteiro, o imperialismo, unido à reação, criou o clima para que as Forças Armadas rompessem a sua tradição: a que foi assinalada por Schneider e que reafirma o comandante Araya, vítima do mesmo setor social que hoje estará em suas casas esperando com mão alheia conquistar o poder para seguir defendendo suas pilantragens e privilégios.
(...)
Certamente, Radio Magallanes será calada e o metal tranqüilo de minha voz não chegará a vocês: Não importa, continuarão me ouvindo. Sempre estarei junto a vocês, pelo menos minha lembrança será a de um homem digno que foi leal à pátria. O povo deve se defender, mas não se sacrificar. O povo não deve se deixar arrasar ou crivar, mas também não pode se humilhar. Trabalhadores da minha pátria: tenho fé no Chile e seu destino. Superarão outros homens o momento cinza e amargo, onde a traição pretende se impor. Continuem vocês sabendo que muito mais cedo que tarde, se abrirão as grandes avenidas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor.
Viva o Chile, viva o povo, vivam os trabalhadores!
Estas são minhas últimas palavras, tendo a certeza de que o sacrifício não será em vão. Tenho a certeza de que, pelo menos, haverá uma sanção moral que castigará a felonia, a covardia e a traição.”
Recuperar de novo O nome das coisas Chamar pão ao pão Vinho chamar de vinho Sovaco ao sovaco Miserável ao destino E ao que mata chamar De uma vez assassino Roubaram-nos tudo, As palavras, o sexo Os nomes entranháveis Do amor e dos corpos A glória de estar vivos A crítica, a história, Mas não conseguiram Roubar-nos a memória Eles têm também Corpo sob a roupa Pernas, unhas, suor, Ventre, meleca, caninos, Mãos que não acariciam Dedos que não se tocam Só sabem assinar E apertar o gatilho, Nós que queríamos Viver simplesmente Irmãos da chuva Do mar, dos amigos, Pronunciar as palavras que Vencem a morte Buscar debaixo da tua saia Alimento e abrigo. Nós que queríamos Dar nome às papoulas, Dizer vento amanhece, Raiva, fogo, dizer Que tu queres costa Minha língua é uma onda Nós, que queríamos Simplesmente viver Vimos-nos atirados A este combate escuro Sem armas que opor Ao assédio inimigo Mais do que a doce linguagem Dos corpos nus E saber que logo logo Vai desbordar o trigo.